Assim que a Seleção do Brasil foi para o ambiente de
concentração, na Granja Comary, telefonei para lá. Quando um rapaz (que por
sinal é provido de ótima educação) atendeu o meu telefonema questionei se
estava liberado acesso de visitantes a Granja, para possível aproximação com a
Seleção. A resposta foi NÃO. Ok! Maravilha! A meu ver, a resposta foi excelente. Só que a copa
começou e qual não foi minha surpresa [desagradável] de ver praticamente tudo,
da minha própria casa, que acontecia na Granja. Houve agravante até de
jornalistas dizendo informações passadas por psicólogo. Como assim? Mídia conseguindo contato com psicólogo da Seleção?
Bem, talvez nesse momento seja bom refletir sobre a visão do
tudo exposto. Tudo exposto? Será que não faz sem graça o viver? Será vantajoso se livrar de toda
a ansiedade? Vale a pena eliminar a função do experimentar a expectativa do que
pode vir? Um viver sem surpresas? Um viver sem encanto? Valerá? O que podemos observar
é que a ansiedade também tem função de anteceder o gozo. Ou seja, eliminada ela
destroi também o prazer.
Retorno ao início do meu assunto para buscar o termo
CONCENTRAÇÃO. De acordo com o dicionário da língua portuguesa comentado pelo
professor Pasquale CONCENTRAÇÃO significa: 1. Ato ou efeito de concentrar, convergir. 2. Estado de
concentrado. 3. Reunião de muitas pessoas ou coisas em um ponto; concurso,
convergência. 4. Condensação. 5. Isolamento. 6. Solidão.
A Seleção do Brasil passou por CONCENTRAÇÃO?
O que sei é que à quantidade de imagens e informações que vi
surgindo de dentro da Granja Comary fez parecer uma exposição permitida - tendo em vista que o ‘NÃO
PODE’ também existi. E o que parece é que essa permissão gerou uma histeria coletiva
atingindo uma proporção enorme de brasileiros. Dessa forma, afetados pela
histeria (propositalmente provocada) entrar na vida dessas pessoas acabou valendo
para além dos indivíduos envolvidos com a imprensa.
Pois bem! De todas as
notícias ligadas a Seleção do Brasil, a demissão de uma enfermeira por ter filmado o momento difícil do
Neymar foi a que acabei considerando injusta. Pois, se a exposição foi
permitida (que pareceu mesmo ser), também ela, por certo afetada [como milhares
de outros] pela histeria, absorveu em sua subjetividade o direito de também registrar
e expor a figura pública de mais interesse do momento.
É isso! Escolha e ação andam juntas. Nesse caso, se o prazer,
como vantagem, de estar exposto sobressaiu ao direito de ter privacidade, e por
tal pareceu muito bem concordado a invasão - pois nem limite estabelecido pareceu
ser imposto; tanto que [estranhamente] era como se até eu estivesse na
CONCENTRAÇÃO: bastando ligar TV ou acessar internet. Porque a enfermeira perder
o trabalho sendo que a ação dela nada mais pareceu do que afetação pela escolha
do(s) outro(s)?
Enfim, bacana depois da derrota que a Seleção do Brasil sofreu nessa semi-final os jogadores estarem referenciando, mesmo sofrendo muito, sobre a vida continuar... É isso aí! Eles encontrarão força para superar e realmente continuar. Bola p´ra frente! Agora, já que a vida deles continuará da mesma forma, a vida da enfermeira [pela lógica] não deveria continuar também?
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