Caro leitor, se é comum ou não o assunto que trago
para essa publicação, não sei. O que sei é que aconteceu comigo, achei
interessante a intensidade da situação, e pensei: será que esse conflito
não acaba acontecendo por aí?
Pois bem! Certa vez tive uma cachorrinha que passou
por uma situação complicada e não resistiu. Eu tinha chegado com ela
do veterinário, deixei-a na sala enroladinha em uma blusa minha. Foi
questão de minutos do meu retorno para encontrá-la morta. Precisei enfrentar
uma sensação terrível, que só explica pelo amor que possuímos e fomos
cultivando, no coração, pelo bichinho. Portanto, para ser mais
correta, foi um luto mesmo.
Acabei prometendo a mim mesma que jamais teria
outro bichinho de estimação. Mera promessa! Alguns não desfazem promessa?
Estou nessa lista. Desfiz a minha.
Hoje, tenho outro grande amor (Kick Buttowski - tão levado quanto o personagem). Cheguei onde
percebi a interessante intensidade em uma situação: por exemplo, o ciúme de
pessoas que amamos, em relação a esse amor que sentimos e vivemos com
intensidade. Sim! É intenso! Mas que amor é esse que só nos faz bem, mas a
outros incomoda? Quantos já ouviram: “Você ama mais esse cachorro do que a mim,
do que todo mundo.” “Esse cachorro é tudo pra você!” E a pessoa acaba sofrendo
por acreditar que não é amado. Ou, que não é amado com tanta intensidade.
Se há esse ciúme por aí, calma! Esse tipo de
sofrimento é desnecessário. Aliás, deve-se até agradecer por não ser amado com
tal intensidade, porque o que temos nessa forma de amor é uma "dependência
absoluta". E nenhum ser humano merece viver essa forma de amor, pois é
impossível usufruir da liberdade. O bichinho depende absolutamente de nós.
A pessoa humana, acima de tudo a mais crescida, já não é dependente dessa mesma
forma. E é isso que, no geral, os ciumentos confundem.
A questão é: pessoas que amamos sobrevivem
tranquilamente sem a nossa presença em suas vidas. Ainda bem por isso! Afinal
de contas, é maravilhoso saber que as pessoas que amamos estão bem. Já um
bichinho de estimação, não. Se ele não for cuidado, morre. E por essa
ligação de "dependência absoluta" cria-se um companheirismo especial.
Se há esse tipo de ciúme, e quem tem acabou lendo
esse texto, pode até pensar: "mas porque esse companheirismo especial não pode
ser comigo? Em nada até aqui meu ciúme diminuiu". Repito: nessa forma de amor há
uma "dependência absoluta". Quem tem ciúme, com desejo de viver com o outro
essa forma de amor, deve refletir se não está desejando que a pessoa lhe seja
um bichinho de estimação.
Paz e bem!
Sandra Valeriote
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